A Fórmula 1 pode ficar rápida demais?
Com o início dos testes da Fórmula 1 para a temporada 2017, ficou claro que o novo regulamento adotado pela categoria atingiu o seu objetivo inicial, deixar os carros mais rápidos. Nos primeiros treinos na pista de Barcelona, a pole position do Grande Prêmio da Espanha de 2016 foi superada em todas as sessões. Mas também surgiu uma dúvida. Será que a Fórmula 1 pode ficar rápida demais e comprometer o espetáculo?
A atual tendência no automobilismo é de deixar os carros mais rápidos. Além da Fórmula 1, o Mundial de Rali passou por mudanças para deixar os carros mais velozes. Mas durante o Rali da Suécia, segunda etapa do calendário do torneio, uma das especiais teve de ser cancelada deivo as altas velocidades alcançadas. A média horária dos líderes ultrapassou os 135 km/h, lembrando que estamos falando de estradas abertas, com obstáculos como árvores, postes, barrancos, etc. Já estão sendo analisadas alterações nos veículos para que as médias das especiais não rompa a barreira dos 130 km/h.
Mas quais seriam os riscos da Fórmula 1 se tornar rápida demais?
A pole position do Grande Prêmio da Espanha de 2016 foi de Lewis Hamilton com o tempo de 1min22s000, enquanto que Valteri Bottas estabeleceu a volta mais rápida nos primeiros testes na mesma pista em 1min19s705. Uma diferença de mais de dois segundos e que deve aumentar conforme pilotos e engenheiros forem se entendendo com os novos carros e evoluindo os equipamentos.
Um dos problemas dos carros ficarem mais velozes pode ser a escassez de ultrapassagens na corrida. As mudanças feitas para que os carros ficassem mais velozes foi com o aumento da carga aerodinâmica, como o aumento dos aerofólios e a permissão de outros apêndices aerodinâmicos, as famosinhas “asinhas” e “aletas” que surgiram. Só que esses itens só funcionam com ar limpo, sem nenhum carro a frente. Andando próximo de outro carro, tudos esses pontos perdem eficiência e, consequentemente, vai ocorrer a perda de aderência. Ou seja, vai ser mais dificil andar próximo do piloto a frente para se tentar a ultrapassagem.
A diferença entre as equipes também pode aumentar em relação ao ano passado. A Fórmula 1 atual tem um certo equilibrio entre os carros, sendo que a diferença maior entre as equipes esta nos motores, com Mercedes dominando a tecnologia turbo/hibrido da categoria. E com os carros mais rápidos em curva, as retas ficaram “maiores”, podemos dizer. E isso só beneficiaria quem tem o melhor motor.
O outro problema é a segurança. Com velocidades maiores é inevitável que os acidentes ocorram. Mas ainda não ficou claro qual será o impacto, metaforicamente e literalmente falando, quando ocorrerem falhas mecânicas ou batidas entre pilotos, com a velocidade maior que todos estarão expostos.
Ainda restam mais duas sessões de testes em Barcelona, sendo que a segunda delas começou hoje e teve o brasileiro Felipe Massa como o mais veloz. Mas só teremos uma noção do que acontecerá na Fórmula 1 quando a temporada começar pra valer, na Austrália, no dia 26 de março.